Comer Lampreia o ano inteiro? Sim, é possível com a Karapau!

Durante décadas habituámo-nos a olhar para a lampreia como um ritual sazonal. Um acontecimento que, de janeiro a abril, mobiliza restaurantes, pescadores, confrarias e até municípios inteiros. Essa limitação temporal criou um mito em torno do produto: só é especial porque é raro, só é raro porque o rio dita as regras. Mas será esta narrativa suficiente para manter viva a tradição num mercado cada vez mais exigente e global?
Na Karapau decidimos enfrentar a contradição que muitos preferem ignorar: a exclusividade não pode depender apenas do calendário biológico. Se o fizermos, arriscamos transformar a lampreia numa peça de museu gastronómico, reverenciada, mas inacessível, condenada a desaparecer no silêncio de defesos cada vez mais prolongados e na diminuição natural da espécie.
A nossa resposta foi criar um formato que rompe com a lógica da escassez sazonal. Pela primeira vez, é possível saborear lampreia em qualquer altura do ano, sem perder identidade, sem descaracterizar a tradição. Para uns, isto será uma heresia. Para nós, é um gesto de coragem. É afirmar que a gastronomia portuguesa não precisa de ficar refém de dogmas que já não servem os consumidores de hoje.
Esta mudança abre espaço para um debate maior. O que é mais autêntico: seguir cegamente a tradição ou encontrar novas formas de a prolongar? É possível preservar a essência da lampreia e, ao mesmo tempo, adaptá-la a um estilo de vida contemporâneo, urbano, globalizado? Acreditamos que sim. E acreditamos que é este o caminho que separa marcas que ficam presas ao passado de projetos que se tornam símbolos de futuro.
Karapau não veio apenas transformar um peixe. Veio levantar uma questão cultural e económica: queremos que a lampreia continue a ser um ícone português, relevante e desejado, ou vamos deixá-la esmorecer sob o peso da sazonalidade?
A inovação não é um atentado à tradição — é a única forma de a manter viva.